Israel prepara-se discretamente para a possibilidade de conviver com um Irã detentor de armas nucleares, apesar de suas promessas de impedir o arqui-rival de se transformar em uma "ameaça existencial", afirmaram nesta quinta-feira políticos e integrantes da área de defesa israelenses.
Segundo essas pessoas, o primeiro-ministro Ehud Olmert havia dado ordens aos membros do gabinete de governo para sugerirem propostas sobre como Israel, cuja estratégia de segurança depende em grande parte do fato de ser a única potência nuclear do Oriente Médio, enfrentaria a perda desse monopólio.
O Irã nega que procure desenvolver bombas nucleares, mas sua hostilidade declarada ao Estado judaico e as especulações sobre a possibilidade de Israel e os EUA realizarem ataques preventivos contra instalações atômicas iranianas alimentaram temores sobre a eclosão de uma guerra na região.
Olmert deu apoio aos esforços liderados pelos norte-americanos para coibir as ambições nucleares do Irã por meio de sanções aprovadas no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
E o premiê sugeriu que Israel, que bombardeou um reator nuclear do Iraque em 1981, poderia agir de forma semelhante em relação aos iranianos caso fracassem os esforços diplomáticos.
Mas duas autoridades importantes com acesso aos planos de defesa de Olmert afirmaram que um memorando secreto estava sendo preparado a respeito do "dia seguinte" àquele em que o Irã adquiriria ogivas nucleares.
"Há ramificações de longo prazo a serem consideradas, tais como de que forma preservar nosso poder de dissuasão e de resposta militar ou de que forma anular a tensão a ser gerada na sociedade israelense pelo temor em relação às bombas nucleares do Irã."
Um porta-voz do governo israelense não quis manifestar-se sobre o assunto.
Ami Ayalon, ministro do gabinete de segurança de Olmert, recusou-se a discutir questões confidenciais em uma entrevista concedida à Reuters, mas disse que Israel deve adotar uma postura tripartite em relação ao país islâmico.
"Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que isso não representa uma ameaça apenas para Israel, mas para o mundo como um todo. Em segundo lugar, precisamos considerar exaustivamente todas as opções preventivas. E, em terceiro lugar, precisamos nos antecipar à possibilidade de essas opções não funcionarem", disse.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu que Israel fosse "varrido do mapa". Mas muitos analistas prevêem que o dirigente não partirá para um confronto aberto. Eles dizem que, se o governo do Irã deseja uma bomba, faz isso para confrontar os EUA e as campanhas de "mudança de regime" feitas pelos norte-americanos.
Mesmo em Israel há especialistas argumentando que um Irã armado com bombas nucleares representaria um fator a ser sentido apenas indiretamente -- na postura mais aberta de apoio a grupos armados como o Hezbollah, do Líbano, e o Hamas, palestino, ou em mais declarações belicosas cujo objetivo seria prejudicar a economia do Estado judaico assustando investidores e imigrantes.
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