Faltando apenas 5% das urnas, a primeira-dama Cristina Kirchner obteve 44,7% dos votos nas eleições presidenciais da Argentina, informou nesta segunda-feira o jornal argentino "Clarín".
Em segundo lugar, aparece a centro-esquerdista Elisa Carrió e em terceiro, o ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, com 16,9%.
De acordo com as leis eleitorais argentinas, ela precisaria de 40% dos votos e uma vantagem de 10% sobre o segundo colocado, ou 45% dos votos, para ser eleita no primeiro turno.
Cristina já declarou-se eleita. "Quero convocar todos sem rancores, sem ódios. Nós merecemos um país melhor', disse ela, chamada por muitos de 'Hillary Clinton argentina".
Os vestidos da senadora e suas bolsas também provocam comparações com Evita Perón, outra primeira-dama argentina com influência política e na moda. A senadora rejeita tais comparações. 'Eu não quero ser comparada com Hillary Clinton ou com Evita', diz ela.
O próximo mandato presidencial na Argentina começa no dia 10 de dezembro. Primeira mulher eleita para o cargo no país, ela deve assumir o posto no lugar do marido, Néstor Kirchner. Seus principais desafios deverão ser econômicos, já que será necessário enfrentar a inflação e a crise energética, consideradas produtos das políticas do atual governo.
A crise energética influi na produção, nos preços e pode frear o desenvolvimento e crescimento econômico.
Além da economia, outro problema grave é a corrupção, considerada endêmica na Argentina.Cristina também terá de trabalhar para manter o equilíbrio entre a aliança estratégica com a Venezuela e a melhora na relação com os Estados Unidos, como prometeu a senadora.
Popularidade Grande parte da popularidade de Cristina se deve ao seu marido, que assumiu em 2003 um país que lutava para se recuperar da grave recessão econômica e da crise política.
O crescimento, sustentável, previsto para 2007 na Argentina é de 8%, bem acima dos países vizinhos. Nos quatro anos da administração atual, o desemprego caiu de cerca de 25% para aproximadamente 8%.
A proporção da população vivendo abaixo da linha de pobreza, foi de 53%, quando Kirchner assumiu, para cerca de 26% atualmente. As indústrias argentinas hoje funcionam no limite de suas capacidades, dado o consumo impulsionado pelas políticas do atual governo.
Kirchner também fomentou políticas de direitos humanos, investindo nos julgamentos dos militares --e até de um capelão-- envolvidos em crimes durante a ditadura e realizou reformas na Suprema Corte do país.
Tais medidas agradaram amplamente a população, fazendo com que ganhasse popularidade.
Cristina deve ser a segunda presidente argentina. A primeira delas, Isabel Perón --que casou-se com Juan Perón após a morte de Evita-- era vice-presidente quando o marido morreu, em 1974, e ocupou o posto por 20 meses antes de ser deposta por um golpe militar.