quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Magnata indiano fica mais próximo de comprar a Jaguar e a Land Rover

O empresário indiano Ratan Tata, responsável por um conglomerado de empresas que leva seu nome e fatura 48 bilhões de dólares por ano, conquistou na quarta-feira (21/11) um apoio político importante para consolidar seu plano de comprar as marcas das montadoras inglesas Jaguar e Land Rover. Sessenta representantes dos trabalhadores das fábricas de ambas as empresas anunciaram que, embora sejam contrários à venda das marcas, preferem que elas passem ao controle da Tata Motors do que ao das outras concorrentes, caso a aquisição seja inevitável.

A definição do apoio surgiu a partir de uma votação realizada na fábrica da Land Rover, em Solihull, na Inglaterra, um dia depois de uma reunião entre os principais dirigentes do sindicato da categoria, o Unite, e representantes das três companhias que disputam a compra das marcas inglesas – a Tata Motors, a também indiana Mahindra & Mahindra, que fabrica carros no país asiático, e a One Equity Partners, uma unidade do banco J.P. Morgan Chase.

Ainda que não pese diretamente na definição sobre quem ficará com as empresas, a declaração dos sindicalistas representa um argumento a mais para Tata e pode deixá-lo mais perto da aquisição, uma vez que os sindicalistas ainda influem significativamente no ambiente político britânico, especialmente no Partido Trabalhista, do atual primeiro-ministro, Gordon Brown.

Garantia de manutenção de empregos
Segundo o periódico nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ), a empresa do magnata indiano foi considerada pelos trabalhadores da Land Rover e da Jaguar como a única entre as três candidatas com "dinheiro, poder e experiência suficientes" para administrar as marcas em disputa. O secretário-geral do sindicato, Tony Woodley, afirmou acreditar que os interesses dos trabalhadores serão melhor representados sob a administração de uma empresa "com presença já consolidada no setor industrial", como é o caso do Tata Group.

Outro ponto favorável à companhia, na visão dos operários, foram as garantias feitas por executivos do Tata Motors, na reunião, de que o grupo não tem a intenção de levar a produção de certas peças produzidas no Reino Unido para linhas de montagem na Índia, além de permitir que os executivos da Jaguar e da Land Rover vivam em seus países de origem. Os indianos ainda teriam prometido que estão dispostos a investir o dinheiro necessário para fazer a Jaguar voltar a ser lucrativa, de acordo com fontes não-identificadas ouvidas pelo WSJ.

As garantias são importantes para os representantes dos trabalhadores por causa do temor de que a aquisição das marcas se reflita em demissões ou fechamento de setores produtivos. Juntas, Jaguar e Land Rover empregam diretamente 16 mil pessoas no Reino Unido, mas as duas montadoras têm enfrentado dificuldades diante de taxas de câmbio desfavoráveis à exportação, com a libra cada vez mais forte em relação ao dólar, o custo de produção relativamente elevado naquele país e a iminência de aprovação de leis ambientais ainda mais rígidas, fatores capazes de estimular a saída das fábricas para mercados mais lucrativos.

A própria Ford, dona das marcas, enxerga na venda da Jaguar e da Land Rover uma aposta para reverter o prejuízo registrado pelo grupo em 2006, equivalente a 12,6 bilhões de dólares. O negócio faz parte da estratégia de focar sobre a principal atividade da companhia, a venda de carros da Ford no mercado americano.

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