quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Queda no nível do Sobradinho expõe esqueleto de cidade submersa

A baixa constante do nível do Lago Sobradinho (556 quilômetros de Salvador) trouxe de volta aos olhos da população e visitantes a antiga cidade que foi submersa juntamente com Pilão Arcado, Casa Nova e Sento Sé na década de 70. O reservatório está atualmente com 14,5% de sua capacidade total e fez com que a margem do rio e Remanso (710 quilômetros de Salvador) se distanciasse cerca de seis quilômetros.

A situação fez com que o município precisasse aumentar a extensão de canos e as bombas d’água fossem mudadas de lugar para que o abastecimento não ficasse prejudicado. Ainda assim, o município já registra três dias sem água nas torneiras e as pessoas estão apelando aos carros pipa para levar água até as residências e comércios. O município que tem 38 mil habitantes já viveu período semelhante, como conta o comerciante Cezar Oliveira.

“Em 2002 a água baixou tanto quanto agora e a cidade ficou toda descoberta. É triste ver que a água vai embora tão rápido, mas a parte boa é ver como a cidade velha atrai tantos visitantes”, afirma. Segundo ele o número de pessoas acampando na área que antes estava inundada pelas águas do lago é grande e é onde a seca tem seus atrativos. Da ponta da antiga margem até o cais onde está a barraca de Cezar, várias pessoas andam no início da manhã e no final da tarde. Pescadores se alojam com seus barcos nas laterais formadas pela divisa das águas.

A vista reserva a quem nunca viu, ruínas do antigo mercado municipal, residências, duas caixas d’água ainda estão de pé, ferragens fincadas na areia, restos de manilhas. Vegetação branca, empoeirada e terreno nem sempre firme fazem parte do cenário exposto. O sol se escondendo dá o efeito ideal para quem, nostalgicamente, resolve parar para olhar o que antes era Vila Remanso e em 1900 virou cidade de Remanso.

Na margem hoje distante da água produtores aproveitam para plantar capim e ter como alimentar a criação numa época em que a seca é uma das piores já registradas segundo os moradores. “Sempre que as águas baixam assim aproveitamos os três meses que demora a encher novamente e plantamos. Temos carne, leite e queijo garantidos porque a terra é boa”, assegura João Ferreira de Castro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remanso.

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