Líderes governistas admitiram nesta quarta-feira que poderão sair derrotados na votação da proposta que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011. No entanto, eles garantem que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para que a matéria seja votada esta noite no plenário do Senado --com ou sem os 49 votos necessários para a sua aprovação.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o governo vai para o "tudo ou nada" na tentativa de manter a contribuição. Nos bastidores, o governo joga pesado para tentar convencer senadores do PSDB a aprovarem a prorrogação da CPMF.
Jucá vai tentar fazer um último apelo à oposição no momento em que for encaminhar a votação pela liderança do governo. O líder mantém suspense sobre a oferta que formalizará no plenário, mas afirma que a orientação de Lula é votar a CPMF nesta quarta-feira.
"Cada um vota do jeito que achar melhor", disse o líder sem esconder o cansaço físico pela busca de votos que se tornou rotina nos últimos dias. Assim como Jucá, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) procurou o cafezinho do plenário no meio das discussões da CPMF para descansar por alguns minutos --já que a sessão deve se estender por várias horas porque mais de 20 senadores se inscreveram para discutir a prorrogação da CPMF.
Os governistas vão tentar um acordo com a oposição para garantir que a votação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) ocorra antes da CPMF --já que o governo vai separar as duas matérias para garantir que pelo menos a DRU seja aprovada pelos senadores. A oposição avisou, porém, que pretende votar contra a DRU se for separar da CPMF. "Primeiro nós vamos votar a CPMF e, depois, a DRU. Os democratas votarão contra as duas matérias", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
Contabilidade
Com o placar contrário à aprovação da CPMF, o governo corre contra o tempo em busca de votos. A base aliada do governo conseguiu garantir a presença da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) na votação da matéria, que estava afastada de suas atividades parlamentares se recuperando de um acidente doméstico.
Com o braço engessado, preso e mantido suspenso numa cadeira de rodas com a ajuda de um apoio, a senadora acompanha a sessão plenária para garantir mais um voto pró-CPMF. Apesar do cansaço físico, Roseana disse que o "sacrifício" vale a pena para ajudar o governo a aprovar o "imposto do cheque".
"Eu acho que vale o sacrifício, principalmente pelo povo brasileiro. A CPMF é um imposto que vai beneficiar a saúde o fundo da pobreza. Vou dar o meu voto para ajudar o Brasil", disse a senadora.
Roseana reconheceu, porém, que sem o apoio de parte do PSDB à prorrogação da CPMF o governo terá dificuldades para aprovar a matéria no plenário do Senado. "Sem os votos da oposição fica difícil vencer com a maioria, mas vamos tentar convencer os senadores que esse é um imposto importante para o Brasil", disse.
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