A máxima de que para toda regra há uma exceção pode ser bem aplicada para o ditado Rei morto, Rei posto. Isso acontece quando a majestade em questão é Luiz Gonzaga que, mesmo após ter morrido há quase duas décadas, sequer teve um substituto. De lá pra cá, surgiram vários artistas, bandas, trios, mas ninguém comparado ao Rei do Baião, que completaria 95 anos de vida nesta quinta-feira, 13.
O velho Lua, que nasceu em 13 de dezembro de 1912, no município de Exu, em Pernambuco, é constantemente lembrado por pessoas que nem o viram na ativa. Uma das homenagens foi a instituição do Dia Nacional do Forró, na data de nascimento do ídolo, que está sendo comemorada nesta quinta-feira em todo o Brasil.
Em Salvador, diversos nomes da música de raiz se apresentam de graça, na Praça Thomé de Souza, a partir das 18h. Zelito Miranda, Carlos Pitta, Gereba, Hugo Luna, Virgílio, Raimundo Sodré, Zé Costa, Cicinho de Assis, Márcia Porto e a Banda Fulô Roseira prometem muito arrastapé no centro de Salvador. “Vamos levar ao público canções como Sabiá, Vem Morena e Asa Branca, que são grandes clássicos da música nordestina”, diz Zelito Miranda, que preserva o forró de raiz.
Quando Gonzagão deixou o mundo dos simples mortais, em 1989, o sanfoneiro Tadeu Oliveira, de 25 anos, tinha apenas sete. Hoje, o músico da nova geração tenta, mesmo que de longe, imitar o grande ídolo. “A musicalidade de Luiz (Gonzaga) está presente em minha vida desde a infância, quando meus pais – que tinham todos os discos – ouviam as canções em nossa casa”, revela o músico que há seis anos faz shows com diversas bandas em Salvador.
Targino Gondim teve mais sorte que Tadeu. O baiano de Juazeiro sempre ia acompanhado do pai aos shows que Luiz Gonzaga fazia em municípios do Norte da Bahia e Agreste de Pernambuco. Segundo ele, ainda hoje o velho Lua exerce influência na música nordestina. “Eu homenageio Gonzagão em todos os shows porque ele sempre será uma referência de forró”, enfatiza o cantor que participa de comemorações em Campina Grande – PB.
Tendências – Com o desaparecimento de Luiz Gonzaga, diversos nomes e estilos surgiram com base nos ritmos nordestinos. As canções de duplo sentido, que apareceram com mais intensidade nos anos 80, saíram logo de moda, dando lugar a diversas vertentes de forró.
No Nordeste do país surgiram bandas como Mastruz com Leite, do Ceará, Calcinha Preta, de Sergipe e Brucelose, de Pernambuco. Na linha pé-de-serra, que valoriza mais os acordes da sanfona, figuram nomes como os do paraibano Flávio José e do pernambucano-cearense Alcimar Monteiro, que nasceu em Juazeiro do Norte-CE, mas adotou Pernambuco e o norte da Bahia como suas terras do coração.
Em território baiano, vários tons foram acrescentados ao forró tradicional com o aparecimento de bandas domo A Volante do Sargento Bezerra, que reúne elementos como xaxado, baião, galope e maracatu aliados à música pop. A Krina de Fogo, formada por músicos dos bairros de Itapoan e Stella Maris, age mais na linha do Forró de Plástico e entoa canções próprias e de bandas consagradas como Aviões do Forró e Saia Rodada.
Já a Banda Jerimum Assado tenta reproduzir os melhores momentos de Gonzagão desde o repertório até o estilo de se vestir e atuar do vocalista Antonio Carlos. “Ele o nosso grande ídolo”, garante. O grupo possui sete integrantes, com média de 30 anos de idade.
Legado – Graças à simpatia dos antigos e novos fãs é que Luiz Gonzaga ainda segue embalando multidões com canções que empolgam adolescentes, jovens e a turma que já passou dos 40. Marlene Alves, que tem 50 anos e sua filha Dayse, 22, são dois exemplos de amor ao forró. Descendentes de cearenses e baianos do interior, as duas sempre apreciam o que há de melhor na música de raiz.
“Eu amo Gonzagão e gosto muito de Flávio José, Alcimar Monteiro”, diz Marlene. Dayse prefere Aviões do Forró e os trios de sanfoneiro, zabumbeiro e triangueiro que aparecem com a proximidade do mês de junho.
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