Driblando a fiscalização, os motoristas que praticam o transporte clandestino intermunicipal disputaram passageiros livremente nos principais pontos de saída da cidade durante todo dia de ontem. O maior movimento de clandestinos foi registrado pela manhã, quando as fiscalizações foram mais intensas. Já pela tarde, quase não se via a presença de policiais e agentes nas ruas, e o trabalho dos clandestinos ficou ainda mais fácil.
Na Brasilgás – principal ponto de concentração dos motoristas – nenhuma blitz foi montada no local. Os passageiros eram assediados a todo momento, aos gritos. Apesar da aparente facilidade, os clandestinos ainda preferem agir com bastante cautela. Estacionar o carro longe do ponto de ônibus é a estratégia usada pela maioria para se livrar das multas. “A fiscalização até existe, mas a gente dá um jeito para não ser multado. Só coloco as pessoas no carro quando já está completo”, revela um motorista que não quis revelar o nome.
Ele defende a prática alegando que o serviço oferece “vantagens” aos passageiros que não conseguem comprar passagens na rodoviária e querem mais agilidade na viagem. A multidão que se concentra no ponto de ônibus observa o movimento e muitas pessoas não conseguem resistir à tentação. A demora dos ônibus que vêm da rodoviária, a rapidez da viagem e os preços mais em conta são os principais atrativos para quem opta pelo serviço.
Cansada de esperar por um ônibus com destino ao município de Cachoeira, a doméstica Liziane Bastos, 32 anos, não pensou duas vezes. “Não tenho nem idéia da hora que o ônibus vai passar e se vai vir cheio. Eu prefiro me garantir no clandestino”, justifica.
Perigo - Já o mecânico Elsias da Silva Santos, 37, é taxativo: não pego porque acho perigoso. Eles (os motoristas) dirigem sem segurança e muito rápido. Nunca viajo com pressa para não ter que pegar esses carros”, diz o mecânico que aguardava pacientemente um ônibus com destino ao município de Governador Mangabeira.
A ação dos clandestinos é ainda mais desafiadora em frente do terminal rodoviário. Segundo um motorista que não quis ser identificado, cerca de 50 motoristas fazem ponto no local. Enquanto os veículos ficam escondidos, eles abordam os passageiros logo na entrada da rodoviária. Ele conta que o transporte clandestino foi a única alternativa encontrada para driblar o desemprego. No ramo há dois anos, ele diz estar satisfeito com o resultado e garante que consegue ganhar até R$250 por dia de grande movimento.
De acordo com a diretora de qualidade da Agerba (agência que regula o transporte intermunicipal na Bahia), Nadjayra Carvalho, as fiscalizações contra os clandestinos ocorrem permanentemente e são intensificadas nos feriados prolongados. As ações são realizadas, na maioria das vezes, em parceria com as polícias Rodoviária Federal e Estadual. Ela afirma, no entanto, que o número da equipe é pequena para cobrir todo o estado. “Trabalhamos em esquema de deslocamento nos principais pontos do estado. Há uma dificuldade porque muitos motoristas acabam recuando quando percebem a presença dos policiais”, justifica.
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