O tubarão martelo encontrado por pescadores da colônia da Pituba no último domingo, 9, não representa uma ameaça a banhistas que freqüentam as praias de Salvador. Quem explica é o biólogo Cláudio Sampaio, professor doutor do Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O animal foi capturado a oito quilômetros de distância da costa, fora da plataforma continental, uma área de águas profundas, habitat natural de tubarões e outros peixes de grande porte.
"É uma presença normal, os tubarões estão na costa brasileira há milhões de anos. Todos os dias diversos barcos de pescadores cruzam com esses animais, ocorre que é um encontro inofensivo porque é um ambiente bem conservado, diferente das praias de Recife, onde nos últimos anos houve vários ataques a surfistas e banhistas", explica.
Para o biólogo Guilherme Dutra, presidente do Programa Marinho de Conservação Internacional, o caso de Recife é bem particular. "Os ataques ocorreram há 100 metros da praia e diversos estudos comprovam que os tubarões se aproximaram da área de banhistas devido a um desequilibrio do ambiente marinho. Não tem nada a ver com o tubarão pescado aqui", avalia.
Segundo Sampaio, em Recife, foram aterrados vários hectares de manguezal, bancos de recife foram destruidos e canais foram dragados para a construção do Complexo Industrial Portuário Suape. "Tudo isso alterou drasticamente o ambiente marinho da região. Os tubarões tiveram que se deslocar em busca de alimento. Sem falar que algumas espécies têm como hábito seguir navios para se alimentar do lixo orgânico que é descartado pela embarcação", ressalta.
Nos últimos dez anos, há registro de apenas um caso de ataque de tubarão no litoral de Salvador. "Um mergulhador foi atacado em Itapuã em 1998. Outro caso bem particular porque a região do bairro de Itapuã é uma área de menor extensão da plataforma continental no Brasil. Em poucos quilômetros, você se aproxima de águas profundas", conta.
Existem mais de 450 espécies de tubarões no mundo. Menos de 30 são consideradas potencialmente perigosas. Há espécies como o tubarão lixa que estão ameaçadas de extinção por ser um tipo não agressivo, conseqüentemente, de fácil captura em pesca predatória. "É um tubarão que fica parado próximo de recifes, tem a boca pequena. É considerado dócil, embora seja um animal selvagem. O tubarão baleia é outra espécie inofensiva, se alimenta de plancton", relata Sampaio.
Dutra lembra também que a carne do tubarão não tem forte comercialização no Brasil, diferente de países da costa asiática, como o Japão, onde algumas iguarias típicas são feitas com barbatana de tubarão. "A pesca predatória é muito comum por lá.É lamentável. Muitas vezes, os pescadores tiram as nadadeiras e soltam os tubarões de volta para o mar. Só que ele não resiste e morre", diz.
A família do tubarão martelo é composta por sete espécies, sendo seis de ocorrência registrada na costa brasileira. Três são consideradas de grande porte, as outras são menores. O tubarão capturado por pescadores da Pituba pesava 150 quilos e tinha aproximadamente dois metros.
O tipo de tubarão de maior ocorrência no litoral baiano são os caçonetes. "São de pequeno porte, até um metro de comprimento e se alimentam de pequenos peixes e crustáceos", explica Sampaio.
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