As famílias das vítimas e os sobreviventes dos atentados de 11 de março de 2004 em Madri manifestaram nesta quarta-feira sua decepção e a intenção de recorrer do veredicto que condenou a penas máximas três dos oito principais acusados.
Os três foram condenados a penas de até 40 mil anos por assassinato e outras acusações em conexão com os ataques.
Ao todo, a Espanha sentenciou nesta quarta-feira 21 dos 28 acusados de planejar, executar ou auxiliar na preparação dos ataques terroristas que mataram 191 pessoas e feriram 1.800 em Madri em 2004.
Pela legislação espanhola, um condenado pode cumprir no máximo 40 anos de cadeia.
No dia do ataque, dez mochilas explodiram em trens da capital espanhola no horário de pico do movimento, quando muitos seguiam para o trabalho.
"Sentença frouxa"
"A sentença é muito frouxa. Tenho certeza de que alguns sairão da prisão em dois meses", criticou Carlos Jeria, chileno de 54 anos que perdeu o cunhado nos atentados, ao sair de uma sala de audiência transformada em bunker policial e tomada pelos jornalistas.
Após a emissão da sentença, a presidente da associação de vítimas dos atentados terroristas de 11 de março, Pilar Manjón, que perdeu o filho nos ataques, anunciou que sua organização pretende recorrer da sentença perante o Tribunal Superior.
"Não me agrada que os assassinos andem soltos", afirmou, toda vestida de negro.
Manjón se referia principalmente à absolvição de Rabei Ousmane Sayed Ahmed, conhecido como "Mohamed o Egípcio", atualmente detido em Milão (Itália) e que a acusação considerava um dos três organizadores dos atentados de Madri.
"Queremos saber por quê essas pessoas foram absolvidas. Por quê o depoimento contra o Egípcio não foi levado em conta", questionou Manjón, referindo-se a uma testemunha que contou tê-lo visto em um dos trens.
Atrás dela, o funcionário Cecilio Cano, de braços dados com sua esposa, que chorava, diz apoiar totalmente o recurso. O casal perdeu uma filha.
"Mais da metade dos acusados foram condenados a penas curtas demais. Esperávamos que todos os culpados fossem castigados", declarou Cano.
Saindo da audiência, Maribel Presa, mãe de um jovem de 24 anos que também morreu nos ataques, afirma que a sentença foi "injusta e uma vergonha".
"Depois de tudo que aconteceu, é uma perda muito grande. As penas não são suficientes", estimou.
Para Eutequi Gutiérrez, pai de uma jovem morta nos atentados, há "poucos culpados para um crime tão horrendo".
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