O Conselho Político do PPS defendeu nesta terça-feira a formação de um grande movimento político contra qualquer iniciativa de se aprovar no Congresso Nacional medida que garanta ao presidente Lula "o golpe terceiro mandato". Essa mobilização, avaliam os dirigentes, pode aglutinar várias forças políticas, inclusive da base do governo, e amplos setores da sociedade.
A iniciativa é necessária, pois o PT, salientaram os membros do conselho político, não tem compromisso com a democracia. O terceiro mandato, disseram, é uma questão de correlação de forças e não de princípios. Nunca o foi, e não seria no poder que o PT mudaria de opinião, ressaltaram. Para o PPS, as forças que querem promover uma articulação contra o “golpe do terceiro mandado” devem se juntar e agir.
Um movimento nesse sentido dividiria os governistas. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), por exemplo, é um adversário ferrenho do terceiro mandato para o presidente Lula porque pretende disputar o cargo. A idéia não tem apoio de todo o PMDB e não arregimenta unanimidade nem mesmo no PT. Todas as intervenções no debate tiveram um viés de preocupação com o fato de o assunto estar nas ruas, no cotidiano do brasileiro.
Até mesmo uma pesquisa encomendada pelo governo já teria dado resultado favorável à possibilidade de Lula disputar novamente a presidência. A maior resistência, disseram os debatedores, vem do “poder instalado”, ou seja, do Judiciário, das forças armadas, dos governadores e de parcela do Congresso Nacional. Por isso, a importância de se juntar esses atores para evitar que o terceiro mandato se torne uma realidade. Ainda mais quando as mesmas pesquisas do Planalto mostram que, dentro do PT, só Lula teria hoje possibilidade de manter o partido no poder.
O Conselho Político do PPS é formado por membros da Executiva Nacional, presidentes estaduais da legenda e parlamentares federais.
Iniciativa golpista
O presidente do PPS, ex-senador Roberto Freire, disse que não há forma de tirar o caráter golpista de uma iniciativa que quebre a ordem constitucional, como seria o caso de uma nova reeleição para Lula. “A sociedade brasileira anda muito desinteressada da política, até mesmo nos casos mais gritantes de corrupção. É preciso que ela se mobilize para desencorajar qualquer golpe nesse sentido”, afirmou.
Freire ressalta que o movimento proposto pelo PPS contra o terceito mandato não é uma questão de direita ou de esquerda. "É para se saber claramente quem é contra e quem é a favor desse golpe", resumiu.
Segundo o dirigente Francisco Inácio de Almeida, estamos claramente diante da ameaça do terceiro mandato. “Isso ganha força e é reflexo de uma dificuldade cultural de nosso país de lidar com as questões democráticas”, avaliou.
Para Gilvado Siqueira, não há dúvida que o terceiro mandato está na ordem do dia do PT e do presidente Lula. Ele alertou que essa possibilidade cresce com a ocorrência de diversos movimentos na América Latina defendendo a perpetuação de dirigentes no poder, caso, por exemplo, como o de Hugo Chávez na Venezuela. “Isso afasta a esquerda da democracia e do socialismo. Devemos encampar um movimento contra isso”, defendeu.
Já para Cláudio Vitorino, a iminência do terceiro mandato ganha força em virtude do enfraquecimento da sociedade civil frente ao estado. “No Brasil, sempre vivemos a sociedade do favor. E isso continua hoje com o bolsa-família”, disse Vitorno, numa referência a estratégia do PT de distribuir favores para conquistar o apoio da parcela da sociedade para um eventual terceiro mandato de Lula.
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