As eleições parlamentares jordanianas terminaram hoje em meio a denúncias de irregularidades feitas pelo principal grupo opositor, a Frente de Ação Islâmica (FAI), e sem expectativas de que resultem em mudanças tangíveis.
Os colégios eleitorais, que tinham a previsão de receber votos de quase 2,5 milhões de jordanianos, fecharam suas portas às 19h locais (15h de Brasília).
Cinco centros permaneceram abertos até às 21h locais devido à baixa participação, conforme declarou o ministro do Interior Jordaniano, Eid al-Fayez.
Al Fayez anunciou em entrevista coletiva que a participação havia superado 54%, embora tenha comentado que em algumas circunscrições da capital não tinham atingido 30%.
Além disso, afirmou que várias pessoas tinham sido detidas durante o dia por "tentar sabotar o processo eleitoral", sem dar mais detalhes.
A agência de notícias "Petra" informou que 15 pessoas tinham sido detidas na província de al-Balqa, noroeste de Amã, por tentativa de "manipular as cédulas de votação".
Horas antes, o porta-voz do governo, Nasser Judeh, desmentiu as denúncias de irregularidades da FAI, braço político dos Irmãos Muçulmanos jordanianos, e qualificou as acusações como meros "rumores carentes de provas".
O líder dos Irmãos Muçulmanos, Salem al-Falahat, enviou queixa ao primeiro-ministro jordaniano, Marouf al-Bakhit, exigindo que fossem detidas as irregularidades que supostamente estavam sendo realizadas.
Segundo Al Falahat, representantes do seu grupo registraram compra de votos, votação com documentos de identidade que não contêm na circunscrição eleitoral ou casos em que eleitores exerceram o direito ao voto várias vezes.
"As irregularidades põem em dúvida clareza das eleições e seu resultado", assegura a carta enviada por Falahat ao ministro do Interior, cujo conteúdo foi reproduzido pelo site do grupo.
O Governo anunciou que havia tomado uma série de medidas para garantir pleitos "livres e justos", como a conexão eletrônica de todos os colégios eleitorais.
Apesar das contínuas declarações do Executivo, as dúvidas sobre a transparência permaneceram durante o processo.
No início da semana, uma plataforma que reúne 15 organizações civis decidiu que não participaria como observadora no processo eleitoral e alegou que o Governo tinha negado garantir um acesso apropriado aos colégios eleitorais.
Concorrem 885 candidatos, entre os quais se encontram 199 mulheres, que tentam obter uma das 110 cadeiras da Câmara de Representantes (Baixa), sendo que seis são reservadas para elas. O resultado será anunciado amanhã, quarta-feira.
A FAI apresentou somente 22 candidatos, sob o lema "o Islã é a solução", e não espera superar os 17 deputados, número com o qual conta atualmente. O grupo, islâmico e conservador, assegurou que não pode apresentar mais candidatos devido ao sistema eleitoral jordaniano que impede alianças entre os grupos da oposição.
Além disso, um punhado de grupos minoritários de tendência socialista e pan-árabe apresentaram-se em uma lista unida.
No entanto, os observadores consideram que esta plataforma tem muito poucas opções de conseguir representação na Câmara Baixa.
A maioria dos candidatos elegíveis apóia-se em laços tribais ou afinidades geográficas para chegar ao Legislativo.
Segundo analistas, as eleições não resultarão em uma mudança tangível dentro da Câmara de Representantes, que é controlada atualmente por representantes pró-governamentais.
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