A Vigilância Sanitária recolheu, na manhã desta terça-feira, em um galpão de Venda Nova, na região norte de Belo Horizonte, cerca de 21 t de alimentos vencidos e em más condições de armazenamento. A apreensão aconteceu no mesmo local onde, na semana passada, 44 t haviam sido levadas para um aterro sanitário.Os alimentos recolhidos são todos à base de soja, como cereais, granolas e macarrão, que estavam embalados em sacos de linhagem. Muitas das embalagens estavam furadas e no mesmo local foram encontrados ratos que chegaram a assustar os agentes da vigilância. Na primeira apreensão, também foram encontrados um gato e aves em meio aos alimentos.
Segundo o dono do galpão, José Roberto Tournour, 62 anos, os produtos que estavam vencidos seriam utilizados para alimentação dos animais de uma granja. Já o fato de terem sido encontrados roedores e outros animais no mesmo local, ele alegou que isso seria normal em qualquer depósito.
"Meus produtos são naturais e por isso não posso utilizar defensivo químico para espantar os animais, mas isso não quer dizer que eles estariam contaminando os alimentos", disse.
"Nem em nossa casa nós conseguimos impedir a entrada desses bichos, imagine aqui que está sempre cheio de comida", completou. Tournour questionou a ação da vigilância que apreendeu os alimentos e enviou para o aterro sanitário da cidade, sem antes fazer uma análise de qualidade.
Mas para a coordenadora de Fiscalização Sanitária, Ana Beatriz Dutra, esse procedimento não foi necessário por causa das condições do local. "É como se os alimentos estivessem em um esgoto, com ratos passando no meio deles. O laboratório tem um padrão para receber um produto, do jeito que eles estão a análise é descartada, não precisamos dela para dizer que o alimento está contaminado", argumentou a coordenadora.
Ela também explicou que o dono do galpão já havia recebido uma advertência pelo mesmo motivo. "Nós últimos três meses ele havia colocado uma placa no local dizendo que havia transferido a empresa para a cidade de Contagem, mas nossos fiscais perceberam a movimentação no local e resolveu retomar a inspeção de rotina", explicou.
No mesmo galpão foi encontrada também uma máquina de embalagens, o que aumenta a suspeita de que esses alimentos eram reembalados e vendidos no comércio. "Isso é uma suspeita, mas se algum consumidor chegou a adquirir esses alimentos foi muito prejudicado", disse a coordenadora.
Segundo Beatriz, o galpão foi interditado e só poderá voltar a funcionar se o dono apresentar as condições necessárias. Antes, Tournour terá que pagar uma multa de aproximadamente R$ 20 mil por não possuir alvará de funcionamento, apresentar má condicionamento dos produtos, estocar alimentos com validade vencida, criar dificuldades na fiscalização e por não ter registro das mercadorias.
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