segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Mais de 6 mil pessoas na romaria de apoio a Frei Cappio

A Romaria em defesa do rio São Francisco e em solidariedade ao bispo Luiz Flávio Cappio, que ontem (09) completou 13 dias sem se alimentar, reuniu mais de seis mil pessoas durante todo o dia. O ato ecumênico contou com a participação de comunidades tradicionais, trabalhadores ligados a organizações sociais e movimentos populares, além de outros religiosos e representantes de partidos políticos. A tônica de todo o dia foi dada pelos protestos contra o projeto de transposição e o modelo de desenvolvimento que ele representa.

Com disposição física, Dom Luiz permaneceu sentado dentro da sacristia, onde recebia as pessoas, uma a uma, que aguardavam na fila para cumprimentar, pedir a benção ou apenas afirmar solidariedade. “Fisicamente posso me sentir bastante combalido, mas meu espírito está forte”, disse em entrevista e ainda completou, “eu não coloco fé nos homens, a fé que nos move é a união que temos para continuar nossa luta”.

As caravanas que chegaram das diversas regiões do país tiveram momentos de confraternização: assistir a discursos, almoço coletivo e partilhar a impressão sobre a posição do governo federal, que tem ignorado o apelo.

Durante a construção do que foi chamado de ‘parlamento popular’, os ‘romeiros’ assistiram a discursos de representantes de organizações sociais, movimentos populares, povos e comunidades tradicionais. “A atitude do frei Cappio vem no sentido da revitalização da Bacia do São Francisco. Não existe revitalização com a transposição”, afirmou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Tomáz Matta Machado.

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelino Galo, ainda tentou discursar e se colocar como interlocutor de um processo de diálogo. Entretanto, o público iniciou uma vaia e o discurso teve que ser interrompido.

No final da tarde, a celebração de encerramento aconteceu nas margens da represa de Sobradinho. Camponeses, pescadores e outros levaram sementes e água. Dom Luiz também participou, e de modo coletivo, fez orações para benzer água, sementes, rio e a todos os presentes. Em seguida todos jogaram um pouco de água para o rio, como simbologia de dar um gole d’água ao São Francisco.

Exército - Um dos pedidos do frei Luiz para dar fim ao jejum, iniciado dia 27 de novembro, é a retirada imediata do exército da área de captação de águas dos eixos norte e leste, em Petrolândia e Cabrobó, Pernambuco. Ele considera a presença dos militares uma situação ofensiva e insustentável.

Todavia, toda a celebração de encerramento foi acompanhada por militares da infantaria do exército. Eles começaram a chegar há cerca de dois dias na região e hoje não permitiram a passagem de quaisquer pessoas ou veículos pela estrada que circunda o lago artificial. Enquanto o ato final acontecia, os soldados permaneceram empunhando as armas a distância.

O dia foi encerrado com uma missa ao ar livre, às 19h. Algumas caravanas retornaram imediatamente após o ato na barragem, mas a maioria das pessoas aguarda a celebração que aconteceu ao ar livre.

Participaram da romaria caravanas de todos os estados da Bacia – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e do Distrito Federal, e de outros estados, a exemplo do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Tocantins, Santa Catarina, além de outros países como a Áustria e a Alemanha.

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