Trabalhadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina protestam contra a empresa de pesquisas agropecuárias Syngenta em São Paulo, Ceará, Sergipe, Paraíba e Espírito Santo. As ações fazem parte da campanha "Syngenta Fora do Brasil", lançada pelas entidades depois do assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, em 21 de outubro. A morte ocorreu durante uma ocupação a laboratório de pesquisa da multinacional.
Segundo comunicado divulgado pela Via Campesina, nove agentes particulares e o proprietário da empresa de segurança que prestava serviços para a Syngenta foram responsabilizados pela polícia no inquérito do caso. A empresa nega participação no episódio, afirmando que os funcionários foram orientados a não resistir à ação.
Em Paulínia, a 126 quilômetros de São Paulo, 400 pessoas, de acordo com a Via Campesina, e 80, segundo a Syngenta, ocuparam a unidade de produção de agrotóxicos da empresa entre as 7h30 e as 16h. No Ceará, cerca de 250 trabalhadores da entidade fizeram um protesto na área da empresa no município de Aracati. A Syngenta fala em 100 pessoas. "A ocupação durou 45 minutos e terminou com a destruição de um laboratório e de uma casa de vegetação (estufa)", afirma nota da empresa.
Na divisa entre Alagoas e Sergipe, as entidades afirmam que 1,5 mil membros do MST e da Via Campesina fecharam uma ponte para protestar contra a Syngenta e em solidariedade à greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio, que é contra a transposição do rio São Francisco.
"Apesar de não existir Syngenta em nosso estado - graças a Deus -, fazemos esse ato em memória do companheiro Keno", afirma José Roberto da Silva, integrante da coordenação nacional do MST.
Os municípios de Sapé, Campina Grande e Patos e a capital João Pessoa, na Paraíba, tiveram manifestações e panfletagens sobre a morte de Keno. Um trevo da BR-101 entre os municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Itapemirim, no Espírito Santo, foi ocupado por cerca de 300 pessoas, segundo a Via Campesina. Eles fizeram panfletagem, mas não chegaram a interromper o tráfego.
De acordo com a Syngenta, as ações podem afetar o abastecimento. "A violência das manifestações desta manhã contra a Syngenta, mais do que a empresa, afeta todo o mercado com o risco de desabastecimento no pico da safra. A paralisação das atividades da fábrica, como conseqüência da invasão, pode comprometer o desempenho dos produtores agrícolas brasileiros num mercado cada vez mais competitivo".
Na semana passada, a Justiça Federal do Estado do Paraná julgou manteve o embargo e a multa de R$ 1 milhão à Syngenta pelas atividades de pesquisa desenvolvidas no oeste do Estado.
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