O prefeito de Itacarambi (MG), José Ferreira de Paula (DEM), assina nesta segunda-feira um decreto de estado de emergência por conta do tremor de terra ocorrido na madrugada de ontem (9) no vilarejo rural de Caraíbas. O tremor atingiu 4,9 graus na escala Richter, danificou imóveis, causou a morte da menina Jessiane Oliveira Silva, 5, e feriu outras seis pessoas.
Itacarambi estava em estado de emergência desde o último dia 30 de julho devido à seca, mas o prazo acaba em alguns dias. Com o estado de emergência, a administração municipal pode agir mais rapidamente e contratar serviços e obras sem licitação, por exemplo.
A comunidade atingida pelo tremor, que tem entre 350 e 400 moradores que vivem da agricultura e de uma fábrica de farinha, deve ser extinta pois, de acordo com o prefeito, nenhum dos moradores quer voltar. Eles temem um novo tremor como o de ontem. Caraíbas vem sendo atingida por sismos desde maio passado.
De acordo com o prefeito, a comunidade contava com 75 casas de alvenaria, todas com água encanada e energia elétrica. Telefone não há. O mais próximo fica a 12 km dali, no distrito de Vargem Grande.
"Este é o segundo terremoto mais forte que os moradores enfrentam [o primeiro foi dia 24 de maio]. O povo não quer ficar mais lá. De manhã, quanto cheguei à comunidade, as pessoas choravam e me pediam, de joelhos, um lugar em Itacarambi para ficar", disse. A prefeitura pretende doar terreno para as famílias. As novas casas devem ser erguidas com verba do governo mineiro.
Ele relata que só ficou sabendo o que aconteceu em Caraíbas por volta das 3h, quando um morador, dono de uma motocicleta, chegou ao centro da cidade em busca de ajuda.
A destruição que atingiu Caraíbas também dificultou a realização do velório da menina, que foi enterrada ontem mesmo. Ela dormia em uma cama com sua irmã gêmea quando o terremoto aconteceu. A parede do quarto onde elas estavam desabou sobre a cama. Jessiane morreu na hora, segundo a prefeitura. "Não ficou uma casa em condições de receber o velório. Pedimos uma casa emprestada em Vargem Grande. Foi uma tristeza", disse Paula.
Avaliação
Três técnicos do Obsis (Observatório Sismológico de Brasília), da UnB (Universidade de Brasília) começaram nesta segunda a avaliar o que teria provocado o tremor de terra.
Segundo o professor de sismologia da UnB e responsável pelo Obsis, Lucas Vieira Barros, os técnicos irão avaliar as informações disponibilizadas em seis sismógrafos instalados na região norte do Estado de Minas. Além disso, eles devem fazer medições locais e entrevistar os moradores. Outros dois aparelhos devem ser instalados para monitorar eventuais abalos.
"Não descartamos novos abalos. Vamos tentar identificar de onde exatamente partiu o sismo e auxiliar a Defesa Civil no sentido de orientar os moradores da necessidade de reforço nas residências", afirmou.
Um laudo a respeito das causas do terremoto deve sair até o final da semana.
Inédito
O terremoto é o primeiro a registrar uma morte, segundo o Obsis, que iniciou seus registros em 1968.
Segundo Vieira Barros, a região é conhecida por falhas geológicas e dentre as possibilidades que podem ter provocado o tremor em Minas está a de um afundamento em uma caverna. Em maio, o Obsis já havia registrado um tremor de 3,5 graus no local e chegou a avisar a Defesa Civil para eventuais problemas, mas nenhuma ocorrência grave foi registrada.
Em outubro deste ano, os técnicos do Obsis instalaram seis estações sismográficas para monitorar a região norte de Minas. A análise desses equipamentos deve auxiliar os técnicos a descobrir o que teria provocado o tremor.
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