O resultado da pesquisa Datafolha sobre a sucessão municipal em São Paulo acirrou a disputa interna no PSDB e aumentou a pressão no PT para que a ministra do Turismo, Marta Suplicy, seja candidata.
Ontem, o instituto mostrou que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta estão empatados tecnicamente. O tucano tinha 30% das intenções de voto em agosto e caiu para 26%. A petista oscilou de 24% para 25%. O atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), ganhou três pontos e está com 13%. A margem de erro é de 3 pontos.
À Folha, Alckmin comemorou o resultado: "Embora ainda não tenha decidido se serei candidato, recebo com alegria o resultado da pesquisa e agradeço a manifestação de confiança do povo de São Paulo dirigida não apenas a mim mas também ao meu partido".
Para os aliados do governador de São Paulo, José Serra, a prioridade é consolidar a aliança PSDB-DEM em 2008. Eles não descartam abrir mão da candidatura Alckmin em benefício de Kassab.
O objetivo maior é a disputa pela Presidência da República em 2010, na qual Serra desponta como favorito -segundo pesquisa Datafolha publicada no último dia 2.
"O próximo ano é uma etapa da sucessão presidencial", diz o secretário de esportes da capital, Walter Feldman (PSDB). "Nós, do PSDB, precisamos abandonar qualquer projeto individual se quisermos voltar à Presidência. Alckmin é uma peça estratégica para 2010."
Kassab foi vice de Serra até 2006, quando o tucano deixou a prefeitura para disputar o governo estadual. No PSDB, há quem defenda que Alckmin desista da prefeitura para disputar o Palácio dos Bandeirantes.
Os aliados de Alckmin, sem cargos na prefeitura e no governo estadual, adotam discurso distinto. Para eles, o resultado da pesquisa Datafolha mostra a força do ex-governador, apesar do próprio PSDB. "Os outros nomes tiveram forte exposição de mídia nos últimos meses, menos o Geraldo, que não teve lugar nem no espaço do partido na TV", diz o deputado federal Edson Aparecido. "Ele é muito forte, tem a menor rejeição e vence em todas as projeções de segundo turno."
O deputado federal Duarte Nogueira, que foi secretário de Alckmin, tem a mesma opinião e acrescenta: "O primeiro passo de 2010 é pensar em 2008, inclusive procurando alianças com partidos como o PSB, o PPS e o PTB, não só o DEM".
Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM, adota discurso semelhante ao dos serristas. "Só a unidade entre os partidos garante a vitória."
O PT aumentou a pressão sobre a ministra. Marta tem reafirmado que não será candidata. Mas no cenário sem seu nome, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, tem 1%.
"Acho que Marta deveria refletir um pouco mais e entrar na disputa", afirma o deputado federal Jilmar Tatto, candidato à presidência do partido e aliado da ministra. O deputado José Eduardo Cardozo, adversário de Tatto nas eleições do PT, afirma: "A decisão final é da Marta, mas ela é o nome mais forte do partido".
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